Um
grande mal em nossa sociedade, e também na Igreja, é o ativismo, a
falta de disposição para aprofundar o essencial, sob o pretexto de
tarefas urgentes. Neste domingo, a 1ª leitura nos
mostra a virtude da hospitalidade na figura de Abraão. Deus – que nos
anjos se tomou seu hóspede – o recompensa com a promessa de um filho.
O evangelho, porém, parece contradizer esta lição: Jesus dá a
impressão de valorizar mais a presença passiva de Maria, que fica
escutando-o, do que a preocupação de Marta em bem recebê-lo. Ou será que o
jeito certo de recebê-lo é o de Maria: escutar sua palavra?
Jesus
observa a Marta que ela anda ocupada e preocupada com muitas coisas, enquanto
uma só é necessária. Essa observação não é uma recusa da hospitalidade, mas
indica uma escala de valores: a melhor parte é a que Maria escolheu! O que esta
faz é fundamental e indispensável: escutar. O resto (as correrias pastorais, as
reuniões) é importante, mas deve ter fundamento no escutar. Jesus censura Marta
não porque ela cuida da cozinha, mas porque quer tirar Maria do escutar, para
fazê-la entrar no ritmo das suas próprias ocupações. Marta não conhecia a
escala de valores de Jesus.
Paulo,
na 2ª leitura, pode ser um exemplo. Ele passou pela “passividade” do
sofrimento, assumindo no seu corpo aquilo que o sofrimento de Cristo deixou
para ele. Foi desta identificação profunda com Cristo que ele tirou a força
para seu surpreendente apostolado.
Gente
ocupada é o que menos falta. Mas sabemos muito bem que toda essa ocupação não
gira em torno daquilo que é fundamental. Dá até pena ver certas pessoas
complicarem sua vida com mil coisas de que dizem que simplificam a vida. Ao
lado delas encontramos o pobre, o lavrador, o índio, vivendo uma vida simples,
mas com muito mais conteúdo e, sobretudo, com um coração sensível e solidário.
Importa
acolher (a Deus, a Jesus, aos outros) em primeiro lugar no coração. Só então as
demais ações terão sentido. Isso vale na vida pessoal e também na vida
comunitária. Comunidades que giram exclusivamente em torno de preocupações e
reivindicações materiais acabam esvaziando-se, caem em brigas de personalismo e
ambição. Mas comunidades que primeiro acolhem com carinho a palavra de Jesus
num coração disposto saberão desenvolver os projetos certos para pôr a palavra
de Jesus em prática.
“Buscai
primeiro o Reino de Deus … ”
fonte: http://www.franciscanos.org.br
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