
No dia 6 de janeiro ou no domingo seguinte celebramos a festa chamada Epifania ou Revelação do Senhor, popularmente, a festa dos Reis Magos, porque o evangelho conta a história dos magos que viram a estrela de Belém. E de Herodes, que não a viu… No Antigo Testamento, alguns profetas sonharam com a restauração de Israel. O “terceiro Isaías”, vivendo logo depois que os judeus voltaram do exílio babilônico, tem uma visão da restauração do povo: todos os povos vão ver a luz de Deus que brilhará sobre a Cidade Santa, Jerusalém.
Os judeus dispersos e mesmo os povos pagãos chegarão trazendo
ricos presentes. O mundo inteiro proclamará as obras gloriosas do Senhor (1ª
leitura). Ora, essa confluência de judeus e pagãos realiza-se no povo fundado
por Jesus Cristo. Este é o “mistério”, o projeto escondido de Deus, que Paulo
conhece por experiência pessoal; ele dedicou sua vida a pregar o evangelho a
judeus e pagãos (2ª leitura).
Mateus, no evangelho, traduz a fé de que Jesus é o Messias
universal numa narração que descreve a realização da profecia da 1ª leitura:
reis magos (astrólogos) do Oriente enxergam a luz que brilha sobre Belém,
cidade de Davi, na proximidade de Jerusalém. É a estrela do recém-nascido
messias, “rei dos judeus”. Querem adorá-lo e oferecer-lhe seus ricos presentes.
Ora, o rei “em exercício”, Herodes, juntamente com os doutores e os sacerdotes,
não enxerga a estrela que brilha tão perto; é obcecado por seu próprio brilho e
sede de poder. Os reis das nações pagãs chegam de longe para adorar o menino,
mas os chefes dos judeus tramam sua morte… As pessoas de boa vontade, aqueles que
realmente buscam o Salvador, o encontram em Jesus, mas os que só gostam de seu
próprio poder têm medo de encontrá-lo.
Significativamente, o medo de Herodes, o Grande, o leva a
matar todos os meninos de Belém (cf. a festa dos Santos Inocentes, 28 de dezembro).
Por que se matam ou se deixam morrer crianças também hoje? Porque os poderosos
absolutizam seu poder e não querem dar chances aos pequenos, nem sequer para
viverem. Preferem sangrar o povo pela indústria do armamento, dos supérfluos,
da fome….
Pobre e indefeso, Jesus é o não-poder. Ele não se defende,
não tem medo. Em redor dele se unem os povos que vêm de longe. “E, avisados num
sonho, voltaram por outro caminho”. O caminho, na Bíblia, é o símbolo da opção
de vida da pessoa (Sl 1). Os reis magos optaram por obedecer à advertência de
Deus; optaram pelo Menino Salvador, contra Herodes e contra todos os que
rejeitam o “menino, matando vida inocente.
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora
Vozes
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